quinta-feira, 31 de julho de 2008

DIVERGÊNCIAS TRAVAM O PTP

Mercê de divergências e de incertezas sobre o modelo de democracia participativa e sobre os métodos de coordenação do processo de participação popular, o Planejamento Territorial Participativo – PTP amarga uma longa entressafra, um ócio produtivo.
As especulações de que o Projeto de Lei que institui a Superintendência Estadual do PTP - encaminhado à ALEPA no início de 2008 – pode ser retirado pelo governo, aumentam as indefinições sobre os rumos da participação popular no atual governo e esfria o ânimo de gestores e conselheiros do PTP.
Tido e havido como uma das marcas “tipo exportação” do governo democrático e popular do Pará, inclusive tendo sido apresentado em seminários nacionais e despertado o interesse de outros Estados, o PTP vai caindo de posição na lista de prioridades do governo, cuja vedete é o programa “Pará, terra de direitos”, que consiste num esforço meritório de integração de políticas sociais nas áreas de segurança, saúde, educação, emprego e lazer, envolvendo cerca de 450 ações de governo em 39 municípios (onde vivem 65% da população) selecionados segundo indicadores de violência, saúde, educação básica e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Ocorre que PTP e “Pará, terra de direitos” ao contrário de serem conflitantes, são consentâneos, ambos, com pelo menos dois dos objetivos mais caros ao governo de Ana Júlia: JUSTIÇA SOCIAL (melhorar a vida das pessoas mais pobres) e GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA (instaurar e ampliar os canais de participação popular e controle social).
Os quase quatro mil conselheiros do PTP - entre municipais, regionais e estaduais - deveriam incorporar às suas responsabilidades a de engajar-se na dinâmica do “Pará, terra de direitos”, para compreendê-lo, criticá-lo, fiscalizá-lo, aprimorá-lo e firmá-lo como o “programa-mãe” de todas as políticas públicas de inclusão social do governo democrático e popular de Ana Júlia.
Mas o que se vê é o esvaziamento gradativo do papel dos conselheiros, fenômeno este que pode alastrar-se e levar ao distanciamento do governo de Ana Júlia em relação à sociedade organizada e a redução, por extensão, da participação do capital social na sustentação do governo.
As divergências internas que estão provocando o travamento do PTP, por certo, não podem ser maiores que os benefícios que o êxito dessa experiência podem proporcionar, não somente para a afirmação da identidade democrática e popular do atual governo, mas para a elevação da consciência política dos cidadãos e cidadãs paraenses.

6 comentários:

Anônimo disse...

Caro Charles,
Enfim, o prazer da leitura - em doses rápidas, quase inofensivas - na rede, em forma de blog.
Não basta a pimenta para ser bom.
Há de ser pimenta, mas temperada pelos outros sabores que não só seduzem o paladar, mas que também surpreendem os outros sentidos.
Não adianta tempero se não há sabor; não adianta tempero se não o que temperar...
Para você, não falta uma coisa, nem outra.
Caro amigo, tem-se mais é a louvar sua saída: ok, perdeu-se em qualidade nessa administração carente de lucidez, mas ganhou-se ao torná-lo público, ao dividi-lo em pedaços.
Abraços
De uma leitora fiel

Anônimo disse...

Companheiro Charles, este espaço que voce abriu, talvez apenas para dividir com desconhecidos e conhecidos, suas preocupaçoes e inquietações com os problemas de seu tempo e ai claro o que está mais próximo, o governo do estado, acabou por tornar-se um porta-voz de um sem-número de sem-vozes, mas que também se preocupam com os rumos do governo, que como voce ajudaram de forma direta ou indireta ajudaram a conquistar, mas que acreditam que ainda há tempo.
É uma pena ver que a experiecia da participação popular, que deveria oxigenar um governo democrático e popular, seja relegada a um plano secundário.

Anônimo disse...

Fico pensando o que será que o Guedes pensa ao ver para onde está indo o governo da Ana. Sem dúvida esse foi o primeiro grande erro, te-lo dispensado. Lembro isso por ele ter sido um grande defensor da democracia participativa neste governo.

Anônimo disse...

É Charles, vc teve lá e fez muito pouco para tentar dá um rumo qualificado pra este Governo, quantas vezes vc nem se quer respondia aos velhos companheiros, agora é fácil criticar cuja responsabilidade deixou de assumir. Lamento profundamente pelo PTP, visto que era imprecionante a garra e a determionação da equipe e o Governo nunca deveria desperdiçá-los, principalmente aos conselheiros que poderão ser potenciais adversários da Ana nas próximas eleições ou parceiros, só depende dos rumos qua vão dá.

Anônimo disse...

PERFEITAMENTE COMPANHEIRO, CONCORDO COM VC DAS 12:31, MAS QUERO LOGO TE FALAR, APESAR DA BOA EQUIPE QUE O PTP TEM TODOS VÃO SER MANDADOS EMBORA, ATÉ OS QUE DERAM MUITO SANGUE, ESSE GOVERNO NÃO GOSTA DE QUALIDADE E NEM DE MILITANTES DEDICADOS.

AS FALAS DA PÓLIS disse...

Infiro que o status quo nada mais é consequência pelo metódo de realização da chamada da sociedade paraense para a escolha dos representantes populares do Conselho do PTP e não apenas a gestão do mesmo.

Lembro que acompanhei a realização de 2 plenárias (uma dela o Eduardo Lauande passou mal e depois saiu do governo por problemas de saúde). Lá confirmei minha impressão: vcs haviam criado um mecanismo que ao certo não empoderaria a sociedade civil organizada, nem tão pouco a desorganiza, pois os prefeitos é quem recrutavam os cidadões e cidadãs para as plenária micro-regionias em caçambas, ônibus e onde fosse possível.

Daquele jeito gastou-se muito tempo, energia e dinheiro para obeter-se uma falácia de participação popular.

Quando nomearam aquela companheira - que dispensa apresentações - aí vi: o "negócio" não andaria.

E não vai andar para azar de todos nós, paraense e petistas principamente - que em nada podemos opinar neste governo.

Forte Abraço!